A logística é a espinha dorsal de qualquer economia moderna. No Brasil, país de dimensões continentais e forte vocação exportadora, ela deveria ser prioridade nacional. Mas na prática, ainda convivemos com um sistema logístico marcado por gargalos estruturais, dependência excessiva do modal rodoviário, investimentos desiguais entre as regiões e burocracias que atravancam o fluxo de mercadorias dentro e fora do país. O resultado? Custos altos, prazos imprevisíveis e perda de competitividade.
Nos últimos anos, crises sucessivas, da pandemia ao conflito no Mar Vermelho, da alta cambial à instabilidade internacional, escancararam a fragilidade das nossas cadeias de suprimento. Para empresas que atuam no comércio exterior, como a Well Cargo, entender esses desafios é parte do dia a dia. Mais do que isso: buscar soluções, articular parcerias e propor caminhos mais eficientes é um compromisso com o futuro logístico do Brasil.
Um panorama de entraves
É inegável que o Brasil evoluiu em alguns aspectos logísticos. Projetos como o escoamento de grãos pelo Arco Norte e a expansão do setor portuário em Santos, Suape e Itaqui mostram avanços. No entanto, a base do sistema ainda é frágil. Cerca de 65% de toda a carga transportada no país passa por rodovias, segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Isso torna o sistema altamente dependente de uma malha rodoviária muitas vezes precária, mal conservada e com alto custo de manutenção.
Além disso, ferrovias e hidrovias continuam subutilizadas. O Brasil tem pouco mais de 30 mil km de trilhos operacionais, mas grande parte ainda é voltada ao transporte de commodities, sem integração multimodal eficaz. Já as hidrovias, com um potencial de 63 mil km navegáveis, são responsáveis por menos de 5% do transporte nacional.
Outro fator limitante é a burocracia nos portos e alfândegas. A demora na liberação de cargas, associada à falta de digitalização de processos, afeta tanto importadores quanto exportadores. Isso gera não só atrasos logísticos, mas também custos adicionais, multas e perda de contratos.
A conta que não fecha
O chamado “Custo Brasil” é um termo antigo, mas que segue atual. Um estudo recente do Movimento Brasil Competitivo (MBC) aponta que o país perde mais de R$ 1,5 trilhão por ano em ineficiências sistêmicas, das quais a logística representa uma parcela significativa.
Para o exportador, isso significa margem reduzida e risco ampliado. Para o importador, insumos mais caros e uma cadeia de suprimentos instável. Para o consumidor final, produtos mais caros nas prateleiras. Para o país, menos investimentos estrangeiros, menor integração nas cadeias globais e competitividade reduzida.
O papel das soluções integradas e da consultoria especializada
Diante desse cenário, o setor privado tem buscado alternativas para enfrentar os desafios logísticos. Uma das respostas tem sido a adoção de soluções mais inteligentes e integradas, combinando planejamento de rotas, escolha estratégica de modais, seguros internacionais, desembaraço alfandegário ágil e uso de tecnologia.
Empresas como a Well Cargo têm apostado em consultorias logísticas personalizadas para oferecer caminhos sob medida para cada operação. Ao analisar as características do produto, o destino final, os prazos e as exigências legais, é possível redesenhar rotas, antecipar riscos e reduzir custos. A atuação próxima do cliente e o acompanhamento ponta a ponta são diferenciais cada vez mais valorizados.
Transição para o modelo multimodal
Um dos caminhos inevitáveis para a evolução logística brasileira é a ampliação e efetiva adoção do modelo multimodal. Integrar ferrovias, rodovias, hidrovias e transporte aéreo de forma coordenada e estratégica é a única maneira de alcançar uma logística mais eficiente e sustentável.
A interligação de portos secos com ferrovias, o uso combinado de barcaças e caminhões para regiões de difícil acesso e a modernização dos aeroportos regionais são exemplos práticos de como o Brasil pode, e deve, diversificar sua matriz de transporte.
A concessão de ferrovias privadas e os investimentos previstos no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) também representam uma oportunidade de reverter décadas de atraso. Mas, para que saiam do papel, é preciso desburocratizar os processos, garantir segurança jurídica e atrair mais capital privado.
Oportunidades para o Brasil no comércio exterior
Apesar dos entraves, o Brasil tem potencial para se tornar um hub logístico na América Latina. Sua posição geográfica privilegiada, a diversidade de portos em diferentes regiões e o crescimento da demanda por alimentos, minerais e energia limpa colocam o país no radar de grandes players internacionais.
O Espírito Santo, por exemplo, já desponta como um polo estratégico nas exportações de rochas ornamentais e vem ganhando relevância no cenário logístico nacional. Com portos como o de Vitória e Capuaba, além da proximidade com centros industriais e corredores rodoviários, o estado é exemplo de como é possível se destacar mesmo diante de desafios estruturais.
Empresas que souberem se posicionar estrategicamente, investir em tecnologia, parcerias e conhecimento técnico, estarão mais preparadas para aproveitar as oportunidades que o comércio exterior ainda oferece. E mais do que nunca, o diferencial competitivo estará não apenas no preço, mas na capacidade de executar com inteligência e precisão.
Considerações finais: um esforço coletivo
Resolver o déficit logístico brasileiro exige um esforço conjunto entre governo, iniciativa privada, operadores logísticos e sociedade. É preciso um plano de Estado, e não apenas de governo, para modernizar a infraestrutura, desburocratizar processos e fomentar a inovação no setor.
Ao mesmo tempo, empresas precisam investir em planejamento estratégico, integração de modais, consultoria especializada e tecnologia. A competitividade do Brasil depende disso. A sobrevivência de muitas empresas também.
Na Well Cargo, acreditamos que a logística internacional pode, e deve, ser mais leve. Com experiência, proximidade com o cliente e soluções sob medida, temos buscado mostrar que é possível enfrentar os desafios do presente sem abrir mão da visão de futuro.